Sorvete do Morais

"Produzir sorvetes é uma tradição de família” - nos conta Seu Adriano Morais. Menino pequeno, ele já ajudava sua mãe na Sorveteria das Crianças, lanchonete que ficou conhecida na Ipanema dos anos 30. O sucesso da loja deu origem a marca “Picolé Morais”, que se manteve até 1980, quando fechou suas portas. Alguns anos mais tarde, já aposentado, Seu Morais fazia picolés somente em casa, para os netos, mas o incentivo dos amigos e familiares fez com que voltasse à atividade. Com uma pequena caixa de isopor sobre um carrinho de supermercado, foi para as ruas e reencontrou sua clientela. O sucesso foi inevitável, e hoje em dia, seu carrinho personalizado é um símbolo do bairro. E é Seu Morais quem ainda fabrica os picolés: “naturais e com pedaços de frutas”, como faz questão de frisar!
Banana Frita e Jaca são os mais originais e recomendados, sem dúvida uma iguaria carioca da melhor qualidade, que vale a pena experimentar.

Alimento: Picolé
Variedades: Abacaxi, maracujá, goiaba, caju, coco, manga, banana frita, jaca e frutas da temporada
Local: Ipanema
Dias e horário de trabalho: De segunda à sexta das 14:00 às 18:00
Instalação: Carrinho de alumínio com caixas de isopor dentro
Preparo: Realiza todas as etapas de produção em casa de forma artesanal.

Tia Nete

Tia Nete, como é conhecida na praia, veio de Pernambuco para o Rio ainda jovem. Sempre trabalhou em casa de família, e além de seu talento como cozinheira, ajudou a criar 3 filhos e uma neta de seus antigos patrões. Após a aposentadoria o sonho de ter uma casa própria ainda não tinha sido alcançado, então ela resolveu vender sanduíches na praia. Sua rotina começa as 3:30 da manhã, quando começa o preparo da massa de pão e termina por volta das 15:00h, após caminhar mais de 8 km, do Arpoador ao Leblon, para vender todos os sanduíches.
Com 69 anos ela esbanja saúde, disposição e boas energias, e o sucesso do seu sanduíche, “que não leva maionese”, como ela faz questão de frisar, é merecido. Seu pão é realmente exclusivo e muito saboroso, vale a pena experimentar.

Alimento: Sanduíche de pãozinho caseiro
Variedades: Frango com milho, Atum, Peito de peru defumado
Local: Arpoador, Ipanema e Leblon
Instalação: Cesta coberta com panos brancos
Dias e horário de trabalho: De quinta a domingo, das 11 às 15:00h
Instalação: Cesta de palha
Preparo: Faz o pão em casa, começa às 3:30h da madrugada. Em seguida prepara os recheios, faz os sanduíches e leva para a praia

Ki Caldos

Há 2 anos a senhora Vilma e sua filha Laélia, conhecida como Lála, resolveram vender caldos nas ruas da Tijuca. Lalá é formada em ciências contábeis e exercia a profissão, sua mãe, que sempre teve prazer em cozinhar para a família, trabalhava como corretora de seguros. Elas não estavam satisfeitas com o trabalho, e queriam aumentar a renda e ter mais liberdade. Após pesquisarem as opções disponíveis no bairro, optaram pelos caldos, começaram devagar, com uma pequena carrocinha e pouca variedade. Mas o talento culinário rapidamente se manifestou, atualmente possuem uma carrocinha bem maior, servem, ao longo da semana, quase 20 opções de caldos e sopas e estão muito satisfeitas com o trabalho, e os clientes também, a fila é grande...

Alimento: Caldos
Variedades: Caldo verde, caldo de ervilha, canjiquinha, feijão amigo, papas, angu a baiana, sopa de legumes, creme de abóbora c/ carne seca, creme de cebola c/ queijo, dobradinha, mocotó, creme de batata c/ peito de frango, canja, raízes, vaca tolada, cassoulet, bobó de camarão caldo de frutos do mar, distribuídos ao longo da semana.
Local: Tijuca.
Dias e horário de trabalho: Segunda a sexta a partir das 19:00h.
Instalação: Carrocinha de metal com 8 panelas.
Preparo: Os caldos são preparados em casa e levados prontos para o local.

Pastel do Bigode

Era taxista no Rio e aos finais de semana vendia caldo de cana na BR 040, próximo a Juiz de Fora, onde morava com a família. Em meados de 83 resolveu se mudar para o Rio, onde começou a vender caldo de cana e bolinho de aipim nas feiras do subúrbio. Com a ajuda de um amigo aprendeu a fazer pastel e com o tempo foi expandindo o negócio, atualmente trabalha em diversas regiões da cidade, emprega mais de 10 pessoas, incluindo os genros e suas duas filhas, que fazem curso superior mas vão dar continuidade ao negócio do pai.

Alimento: Pastel e caldo de cana.
Variedades: Pastel de carne, queijo, palmito, camarão, bacalhau, carne seca e bolinho de aipim, além de caldo de cana e refrigerantes.
Local: Feiras da zona sul.
Dias e horário de trabalho: Das 6:00h as 14:00h
Instalação: Barraca de feira.
Preparo: Atualmente tem um funcionário que faz a massa, que é levada às feiras já semi pronta, mas Bigode supervisiona todo o processo de produção e a qualidade.

Caldo da Lapa

Lidiane veio de Pernambuco para a região sudeste, em Minas Gerais, para trabalhar numa lanchonete, há aproximadamente 2 anos. O irmão era garçom há mais de 15 anos em um restaurante no Rio, cansado do trabalho e insatisfeito com a remuneração, convidou-a para trabalhar vendendo comida na rua, ela logo se mudou para o Rio e começaram o negócio. Após uma pequena pesquisa sobre o que tinha de melhor para se comer na região da Lapa, acharam que vender caldos seria um bom diferencial, aí foi só encomendar a carrocinha e por as mãos na massa, ou melhor, nos caldos. O irmão é o cozinheiro e Lidiane cuida da venda durante a noite. O negócio teve sucesso e está em crescimento, com outros dois carrinhos, um na rodoviária e outro na Barra.

Alimento: Caldo
Variedades: Variedades: Vaca Atolada, Sopa de Ervilha, Dobradinha, Mocotó, Angu a Baiana, Feijão Amigo.
Local: Lapa
Dias e horário de trabalho: De segunda a sexta das 18:00h as 2:00h aproximadamente. Sábado e domingo fica até mais tarde.
Preparo: Toda a compra de ingredientes e preparo é feito por Antônio José, que fica todo o dia na função de cozinheiro.

Ricardo e Daniele

No trabalho anterior ganhavam bem e viajavam por todo o Brasil. Mas a remuneração era por contratos, o que gerava muita instabilidade. No final de 2007 terminaram os projetos e ficaram um longo período sem novos contratos, começaram então a procurar outras fontes de renda. Um amigo sabia fazer massa de pastel, começaram a experimentar a massa e formas de fazer. No carnaval foram para a rua para ver o que dava, tiveram sucesso e resolveram investir no ramo. Encomendaram a carrocinha, foram para a Lapa e o amigo para o subúrbio. Fazem compras e preparam a massa juntos.

Alimento: Pastel
Variedades: Pastel com 3 recheios e 3 acompanhamentos. Opção de 16 sabores para recheio e 13 para acompanhamento.
Local: Lapa.
Dias e horário de trabalho: Quinta a domingo das 18:00h as 2:00h.
Instalação: Carrocinha de metal com gás para esquentar o óleo, bateria para luz. Além da panela de óleo há espaço para rechear pastel.
Preparo: A massa é feita em casa e a levam pronta, junto com os recheios, que são preparados na hora, de acordo com o pedido do cliente.

Emanuel

Em pouco tempo a carne de sol com aipim do senhor Emanuel se tornou famosa no centro do Rio. Natural de João Pessoa, ele veio para o Rio de Janeiro em 1974 para trabalhar como metalúrgico, há 3 anos atrás ficou desempregado. Sem muitas opções de trabalho começou a ajudar um amigo a vender carne de sol no Largo da Carioca. Logo que pegou o jeito, resolveu montar seu próprio negócio. Hoje está muito satisfeito com seu trabalho e se sente orgulhoso pela fama de sua comida.

Alimento: Carne com Aipim
Variedades: Porção de carne assada na brasa, passada na chapa com manteiga de garrafa e servida com aipim.
Local: Largo da Carioca e Lapa.
Dias e horário de trabalho: Segunda a quinta das 18:00h as 22:00h no Largo da Carioca e de Sexta a domingo na Lapa das 20:00h as 3:00h.
Instalação: Carrocinha de metal com chapa aquecida no gás e churrasqueira com carvão.
Preparo: Assa a carne na brasa, fatia e dá o ponto na chapa com manteiga de garrafa. Na mesma chapa mantém o aipim cozido, que fica tostadinho e quente. A carne é muito gostosa.

Hu

Há apenas 7 anos no Brasil, Hu não ainda dominou completamente o português, mas já entende muito bem o cotidiano carioca e a forma de trabalhar no Brasil. Apesar das diferenças sociais e culturais ele e a família estão se adaptando muito bem. Na China trabalhava 12 horas por dia e não tinha estabilidade, pois a oferta de mão de obra é muito grande. “Aqui no Brasil é mais fácil viver, ninguém trabalha tanto e sou mais valorizado...”

Alimento: Yakissoba.
Variedades: Yakissoba de carne, frango, misto e camarão.
Local: Méier
Dias e horário de trabalho: Segunda a Sábado, das 18:00h as 23:00h.
Instalação: Carrocinha de metal com gás para esquentar a chapa e bateria para luz.
Preparo: Leva alguns ingredientes pré-prontos como o frango, a carne e o macarrão já pré-cozidos.

Nega Teresa

Nega Teresa tem um dos acarajés mais conhecidos do Rio de Janeiro, e com certeza o mais famoso no bairro de Santa Teresa. Depois do sucesso que seu acarajé fez quando teve um convite para servir em uma festa, resolveu trabalhar com isso. Teresa é articulada, independente e se comunica muito bem. Além da rotina de cuidar da casa e da filha de 2 anos, dedica um tempo especial ao trabalho.

Alimento: Acarajé e outras comidas típicas da Bahia.
Variedades: Acarajé, Abará, Vatapá, Caruru, Cuscuz de Tapioca, Bolo de Aipim, Cocadas.
Local: Santa Teresa.
Dias e horário de trabalho: Quinta a Domingo das 17:00h as 23:00h.
Instalação: Tabuleiro com comidas e suporte para tacho com óleo e bujão de gás.

Preparo: Faz tudo sozinha, desde a compra dos ingredientes até o preparo final.

Stanley

Conhecido como Stanley, há 3 anos vende pizzas aos finais de semana na Lapa. “Essa é a única pizzaria móvel do país, e em 3 minutinhos sua pizza tá pronta!” Além de seu trabalho como pizzaiolo, no verão vai para Florianópolis vender queijo coalho, dá aulas de forró, faz projetos de paisagismo, pratica surf, escalada, montanhismo e outros esportes. Tem bom humor e gosta de se divertir mesmo nas tarefas mais importantes do cotidiano, como a venda de pizzas, que faz como se estivesse entre amigos.

Alimento: Pizza
Variedades: Pizza com massa de batata em vários sabores.
Local: Lapa.
Dias e horário de trabalho: Sexta, sábado, véspera de feriados e feriados Das 23:00h as 06:00h
Instalação: Carrinho de alumínio com forno a gás.
Preparo: Compra a massa pronta, com massa de batata, e faz os recheios em casa.

Na Boca do Povo

O hábito de se comer nas ruas é uma prática tradicional no Rio. A alimentação, porém, vai além de uma necessidade biológica: a maneira de fazer e consumir os alimentos implica numa herança cultural e num determinado estilo de vida. Na Boca do Povo será um documentário sobre a gastronomia popular carioca - um mix da culinária brasileira – no seu cenário mais nobre: a rua.